quarta-feira, 7 de abril de 2010

Jacques Lacan: Seminário (4/7)

Para que haja a compreensão sobre o modo como Lacan entende a estruturação da linguagem, inicialmente me parece importante destacar o que ele considerou como sendo os "três regístros": Real, Simbólico e Imaginário.
Segundo Lacan, a mãe é a responsável pela incidência da língua materna e é também o fundamento para onde se dirige o amor. Frente a essa afirmativa, vejamos em que medida consigo articular estas questões:
Talvez, possamos iniciar com a seguinte questão: Em que medida a mãe consegue operar, no bebê, a passagem da condição alienante e narcísica, para o regístro do simbólico que é o campo da linguagem e do significante?
Segundo Lacan, de um lado temos o sujeito do inconsciente onde se situa a instância simbólica. Aqui, intervenção na psicanálise é para situar o Eu como instância de desconhecimento, de ilusão, de alienação, sede do narcisismo. É o momento do Estádio do Espelho, em que a mãe dá a identificação e a autenticação ao bebê. É o instante da perda (idéia de unicidade com a mãe) e também o momento da instauração da Lei (encontro com o Pai).
De outro lado, temos o Eu que se situa no regístro do Imaginário, juntamente com sentimentos como o amor, o ódio, a agressividade, etc. É o lugar das identificações e também das relações duais.
Lacan reafirma aqui a divisão do sujeito, pois o Inconsciente seria autônomo com relação ao Eu.
Na estruturação do inconsciente está a linguagem que emerge como metáfora para a interdição do incesto, ou seja, o desejo pela mãe. O simbólico marca, nesse sentido, a ligação do desejo com a lei (que é o Pai) e a falta (que é a mãe). Importante ressaltar que, segundo Lacan, "a lei e o desejo recalcado são uma só e a mesma coisa". Dito de outro modo, o simbólico opera de modo simultâneo: no instante em que emerge a Lei, o desejo pela mãe é então recalcado para fundar o sujeito desejante. Sendo assim, para que a autonomia da função simbólica possa operar, é preciso o encontro com o Grande Outro (Pai) que antecede o sujeito enquanto desejante da mãe. Sob este aspecto o sujeito somente se constitui como desejante através deste Outro). Neste ponto se instaura o discurso (linguagem) como metáfora. Segue daí o aforismo de Lacan que diz: "o inconsciente é o discurso do Outro." Por isso "o desejo é o desejo do Outro".

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