quinta-feira, 15 de abril de 2010

Clarice Lispector


Com estas palvras Clarice parece traduzir, nas entrelinhas, alguns fragmentos do que pode ser dito.
Sendo assim, cabe-nos questionar: o que vemos nas entrelinhas? "Une femme l'amoureuse pour la vie"... intensa...
São fragmentos que nos falam o tempo todo sobre o que seja a "paixão" enquanto sinônimo de "interioridade".
Alguns descreveriam como uma escrita indefinível. Outros diriam que se trata de um terremoto, uma certa "loucura"...
No entanto, me parece muito mais tratar-se de uma mistura que resulta do ato reflexivo e emerge como uma espécie de confissão... seja em prosa, poesia, filosofia... pouco importa a definição que se queira dar, pois o que de fato percebemos é que Clarice atinge o âmago da psique humana...
Sob este aspecto, Kierkegaard parece ter mesmo razão ao afirmar que a mulher é mais "sensual" e por isso se angustia mais do que o homem. Perdoem-me os preconceituosos, mas se de um lado toda a nossa estrutura fisiológica conspira para que sejamos mais angustiadas, de outro, parece que somos mais sensíveis ao silêncio, ao vazio interior enquanto "desejo" (sempre um desejo) de completude.
Silêncio, vazio, turbilhão de contradições? Não importa. É sempre um desejo que marca a falta e que nos permite dizer o que, por vezes, parece insondável. Sob este aspecto Clarice foi extremamente sensível ao afirmar: "O que verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós".

Nenhum comentário:

Postar um comentário