sábado, 13 de fevereiro de 2010

Plenitude/Horizonte




A proposta é de refletirmos sobre a Estória do Gato e da Lua - realizador do vídeo: Pedro Serrazina




Estória do Gato e da Lua é um curta-metragem de animação de Pedro Serrazina. O autor português ganhou os prêmios Best International 1st Film no Cinanima 95 e recebeu menção especial no festival de animação de Ottawa em 96 com sua história de um gato apaixonado pela lua e as artimanhas do bichano para capturá-la.
O curta é todo feito em preto e branco. Na primeira fase o gato aparece em uma viagem pelo mar tentando alcançar a lua. O desenho aqui é repleto de curvas, com as ondas do mar sempre cheias de movimento, representando a iminência do perigo. O reflexo da lua e do barco onde está o gato são as peças visuais que compõem o contraste. É a famosa viagem em direção ao horizonte que nunca se aproxima, um símbolo do impossível. Quando o gato decide se arriscar e pula em direção ao objeto de desejo, acaba mergulhando no reflexo da lua que se desmancha com o ondular do espelho de água.
“Quando achei que estava próximo, estava muito longe”, diz o narrador. Perceba que o gato não pula no reflexo, ele não se engana quanto a isso. Sabe exatamente o que quer e é assim que a ilusão/reflexo se desmancha com o fracasso da tentativa.




Contraponto filosófico:

Quando pensamos sobre o nosso desejo de plenitude que não cessa de se inscrever enquanto desejo... é sempre um horizonte... à luz de nosso próprio desejo... é preciso saber, no entanto, que não o alcançamos em sua plenitude...

E ainda assim, para que possamos permanecer no campo do possível... "Ne cède pas sur ton désir", ou seja, não cedas de teu desejo...


Aqui, a questão que se coloca: Podemos analisar este conto sob a perspectiva Estética? (meramente egóica, estilo Don Juan); Ética? (com vistas para o outro, como em Fausto); Religiosa? (com vistas para a grande Outro:Deus), ou uma síntese de todas elas? Em que medida podemos pensar que a plenitude almejada aparece, neste conto, vinculada a nossa única cereza: a morte?

Um comentário:

  1. É por isso que não termos tudo o que desejamos faz a vida ter mais gosto: a motivação, a busca nos constrói a lua que se passa. Sejamos sonhadores!

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