O livro “O Elogio da Loucura”, de Erasmo de Rotterdam[1], retrata a sociedade do século XVI, mas podemos perfeitamente afirmar que é em nosso tempo que a loucura atinge a supremacia.
Com uma fina ironia, Erasmo apresenta a “loucura” como primeira pessoa, ou seja, é a loucura quem escreve, fala e se revela a rainha de todos os homens.
A partir do pressuposto de que a “ironia” também fala de coisas sérias, o “Elogio da Loucura” se apresenta como uma crítica acirrada contra os detentores do poder na sociedade e nos faz refletir de maneira questionadora sobre a hipocrisia no humano.
Deixemos, pois, que a loucura fale e reflitamos sobre o seu direito ao título de divindade:
Com uma fina ironia, Erasmo apresenta a “loucura” como primeira pessoa, ou seja, é a loucura quem escreve, fala e se revela a rainha de todos os homens.
A partir do pressuposto de que a “ironia” também fala de coisas sérias, o “Elogio da Loucura” se apresenta como uma crítica acirrada contra os detentores do poder na sociedade e nos faz refletir de maneira questionadora sobre a hipocrisia no humano.
Deixemos, pois, que a loucura fale e reflitamos sobre o seu direito ao título de divindade:
As companheiras da loucura
Esta de sobrancelhas franzidas é Philautia, isto é, o amor-próprio. Esta, de olhos risonhos, batendo palmas é Kolaxia, a adulação. Aquela, de pálpebras cerradas, parecendo dormir é Lethes, o esquecimento. E aquela que se apóia nos cotovelos e cruza as mãos é Misoponia, a preguiça. Aquela que está coroada de rosas, toda perfumada é Hedones, a volúpia. Aquela que revira os olhos sem fixá-los em ponto algum é Anoia, a irreflexão. Aquela bem nutrida e bem corada é Tryphe, a moleza. Entre essas jovens, estão também dois deuses: um é Komo, a boa mesa e o outro, Nigreton Hypnon, o sono profundo. Acompanhada por esses servidores que fielmente me prestam ajuda, estendo meu domínio sobre o mundo e reino até mesmo sobre os monarcas. (ERASMO, p.22).
Enquanto referência, essa divindade está no homem e nesse sentido não há mais nada além dele próprio. Daí a “certeza” de nosso tempo: não temos um referente Outro: (pai, governante, lei) ou grande Outro: Deus.
Quando observo os relacionamentos, o que se passa é que migramos da heteronomia para a anomia, ou seja, agora é cada um por si, os outros que se danem. Se há alguém responsável, então ele que se vire.
Deixemos que a certeza fale:
Como a loucura perpetua a espécie humana
Antes de tudo, o que há de mais doce, de mais precioso que a vida? E a quem se deve, senão a mim, seu início? Não é a lança de palas, de pai poderoso, nem a égide de júpiter que ajunta nuvens, não são eles que geram e propagam o gênero humano. [...] Enfim, forçoso será que ele recorra precisamente à minha ajuda, se quiser tornar-se pai. (ERASMO, p. 23).
Referência:
ROTTERDAM, Erasmo, Elogio da Loucura, Escala, São Paulo.
[1] Desiderius Erasmus Roterodamus, conhecido como Erasmo de Roterdão (Português europeu) ou Roterdã (Português brasileiro). Nasceu em 27 de Outrubro de 1466, Roterdão — 12 de julho de 1536, Basiléia. Foi um teólogo e um humanista neerlandês.
Denise, o blog está mt bom! Parabéns!
ResponderExcluirContinue escrevendo... que sempre dou uma passadinha por aqui... Bjoo. Jaderson