segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A voz, o dizer e a presença


Presença bem pode ser o ser, mas é possível que seja ainda ausência.
A voz que subjaz ao dizer é ainda murmúrio. Como o suspirar que é tanto clamor quanto lamento, a voz é também sopro, aspiração e renúncia. Todo o dizer se mostra, mas naquilo que se oculta há ainda a voz.
Suspiro é, pois, como a voz: presença lançada alhures, pranto sem lágrimas, sorriso sem riso, é inquietude... A voz, assim como o suspiro, é o que sempre me escapa.
Ser para a vida, ser para a morte:
Cotidiano esquecimento é fuga, pois a ausência de si é também medo.
Presença, por sua vez, requer coragem, a entusiasmada paixão do enfrentamento é tornar-se, sobretudo si mesmo. No entanto, em tempo de presenças iguais em que a marcha segue irrefletida, a ausência torna-se presença enquanto a consciência do seu contrário sugere uma espécie de loucura.
Ausência pode ser carência apenas, mas pode ser ainda a consciência de que a falta (essa que mostrando se oculta) é também presença. Liberdade é, pois, poder escolher e tornar-se si mesmo é sobretudo responsabilizar-se.


Angústia é cura.

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Um ensaio? Não. Esboço apenas... fragmentos de uma despretensiosa re-leitura hermenêutica em Heidegger...
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Referências:
HEIDEGGER, Martin, Ser e Tempo; tradução revisada e apresentação Márcia Sá Calvalcanti Schuback; Petrópolis: Vozes, 2006.

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