sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Vida Seca

Aos apreciadores do "verdadeiro belo literário", partilho, uma vez mais o dizer poético do professor Nedel:


Vida Seca


Quem se não satisfaz com menos que o ideal,
Por uma perfeição platônica enlevado,
Não fugirá de ser perpétuo torturado,
Roendo a falta como perda essencial.


O humano bem não foi jamais transcendental,
Porém composto de virtude e de pecado,
Um tecido com belo e feio misturado,
Nada que sinalize a perfeição final.


Desejo mais modesto, ao longo desta vida,
Torna a existência muito menos dolorida:
Calvários não terá de angústias nem de dor.


Quem despreza a mulher que a sorte lhe destina,
Por não ter a sonhada essência feminina,
Se condena a uma vida seca sem amor.


“Contentai-vos com o que tendes” (Hb 13,5).
“Beija aqueles que a sorte te destina” (Espanca, 2002, p.100).


NEDEL, José. A Vez do Verso: Sonetos, Edigal, Porto Alegre, RS, 2011, P.71.

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