domingo, 11 de setembro de 2011

Medo

Não tenho medo do medo.

Medo é o que sinto diante de um fato já vivido, mas a angústia, ao contrário, grita aqui dentro.
É que as tuas dores impronunciáveis são tão idênticas as minhas...
Não fosse a ausência mesma,
condição: aceitação e reconhecimento dela,
a humana falta...
É que esse meu vazio que não dou conta de pronunciar nos faz agora idênticos, quiçá semelhantes...
Estou incomensuravelmente tão próxima ao indizível mesmo que há em ti que já não temo o medo que é próprio.
Medo é fato já conhecido, experienciado.
Mas a angústia, ao contrário, insistentemente grita aqui dentro...
Como que diante de um precipício quero saltar, mas não apreendo a fundura... vertigem é o que sentimos, afirmava Kerkegaard. Mas há ainda o desejo.
Desejo é paixão de futuro, sempre alhures, necessariamente contingente. Nela, contingência, encontro o horizonte que me faz livre. Desejo agora, senão os instantes contados em que me lanço para os braços do meu possível. Sem o outro, entretanto, você mesmo que me olha, não sou...

nada.


Contudo,
[...] “é preciso recordar a cada instante que a diferença é um disfarce.” (Kierkegaard, p.111)

Nenhum comentário:

Postar um comentário