sábado, 21 de maio de 2011

Segunda ética: a dialética da comunicação ética e etico-religiosa.

Em 1847, Kierkegaard publica "As Obras do Amor"; considerações em formas de discursos que apontam para o que seria a proposta de uma segunda ética: o amor enquanto prática. Conforme Valls, (...) "O amor cristão é comparado com o amor apaixonado platônico e a amizade aristotélica. O poeta elogia o amor apaixonado, sem saber como e por que o amor precisa transformar-se em dever." Amar a si mesmo é natural, mas há um acréscimo: ama a teu próximo "como amas a ti mesmo." Aqui, uma possibilidade de vencer o egoísmo, pois o outro não é o segundo eu, mas sim o "primeiro tu". Sob este aspecto, o amor é maior do que a fé e nesse sentido, só ele permanece... dialética do amor enquanto possibilidade ética.



Sobre esta obra, tive a oportunidade de elaborar um estudo mais detalhado e específico em que buscava aproximações com O Idiota de Dostoiévski. Deste estudo, fonte de minhas pesquisas para a monografia, publiquei um artigo e, posteriormente, postei aqui no blog sob o título: Idiota? das correlações arquetípicas à perspectiva filosófica - Kierkegaard e Dostoiévski;


Minha proposta hoje é partilhar um pouco da primeira série do livro, em que Kierkegaard dá início as suas considerações:



Prière

Comment pourrait-on parler convenablement de l’amour si l’on T’oubliait, ô Dieu d’amour, de qui procède tout amour dans le Ciel et sur la Terre, Toi qui n’as rien épargné, mais qui as tout donné dans l’amour, Toi qui es amour, si bien que celui qui aime n’est ce qu’il est qu’en étant em Toi! Comment pourrait-on parler convenablement de l’amour si l’on T’oubliait, Toi qui as révélé ce qu’est l’amour, ô notre Sauveur et notre Rédempteur, qui T’es donné Toi-même pour sauver tous les hommes! Comment pourrait-on parler convenablement de l’amour si l’on T’oubliait, Esprit d’Amour, Toi qui ne réclames rien de ce qui est à Toi, mais qui rappelles le sacrifice de Celui qui fut amour, Toi qui rappelles au croyant d’aimer comme Il est aimé et d’aimer son prochain comme lui-même! O Amour éternel, Toi qui est partout présent et qui Te manifestes toujours lorqu’on T’invoque, ne sois pas non plus sans témoignage dans ce que l’on dirá ici de l’amour ou des oeuvres de l’amour, Car elles sont vite comptées, certes, lês oeuvres que Le langage humain appelle spécialement et bien petitement lês ouevres de l’amour; mais au Ciel, nulle oeuvre ne peut être agréable si elle n’est une oeuvre de l’amour, sincère dans la renonciation à soi, répondant au besoin de l’amour et, pour cette raison justement, sans prétention de mérite!



KIERKEGAARD, Sören. Les Oeuvres de l’amour – La dialectique de la communication éthique et éthico-religieuse ; Traduction de Paul-Henri Tisseau et Else-Marie Jacquet-Tisseau ; Oeuvres Complètes, Éditions de L’orante, 1980.



Oração
Como se poderia falar corretamente do amor, se Tu fosses esquecido, ó Deus do Amor, de quem provém todo o amor no céu e na terra; Tu, que nada poupaste, mas tudo entregaste em amor; Tu que és amor, de modo que o que ama só é aquilo que é por permanecer em Ti! Como se poderia falar corretamente do amor, se Tu fosses esquecido, Tu que revelaste o que é o amor; Tu, nosso salvador e reconciliador, que deste a Ti mesmo para libertar a todos! Como se poderia falar corretamente do amor, se Tu fosses esquecido, Espírito de Amor, que não reclamas nada do que é próprio Teu, mas recordas aquele sacrifício do Amor, recordas ao crente que deve amar como ele é amado, e amar ao próximo como a si mesmo! Ó, Amor Eterno, Tu que estás sempre presente em toda a parte e nunca deixas sem testemunho quando Te invocam, não deixa sem testemunho aquilo que aqui deve ser dito sobre o amor,ou sobre as obras do amor. Pois decerto há poucas obras que a linguagem humana,específica e mesquinhamente, denomina obras de amor; mas no Céu é diferente, aí nenhuma obra pode agradar se não for uma obra de amor:sincera na abnegação,uma necessidade do amor,e justamente por isso sem a pretensão de ser meritória!




KIERKEGAARD, Sören; As Obras do Amor - Algumas considerações cristãs em forma de discursos; Tradução de Alvaro L.M. Valls e revisão de Else Hagelund; Editora Vozes, 2005.

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