quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Paulo Freire - Karl Marx (subtitled)

"As idéias se têm se nas crenças se está." (Miguel de Unamuno)

"Uma verdade que seja verdadeira para mim." (Sören Kierkegaard)

Paulo Freire soube bem compreender o significado de "tornar-se." Compreendeu, sobretudo, que somente na humildade se pode aceitar os limites da própria razão. Daí a certeza de que não há, nem deve haver, argumentos (como ele mesmo profere: científicos ou filosóficos) que sejam suficientes ou que possam dar conta do incomensurável que há em cada um de nós. Mas o que torna Paulo Freire alguém digno de ser chamado "pessoa", me parece, é precisamente o fato de que ele soube experenciar o significado do que sejam as "obras." "As obras do amor", como escreveu Kierkegaard. Freire soube "tornar-se amoroso" vivenciando a própria fé. A grande ironia é que a dor das "realidades terrenas" ao invés de produzir a anomia, ao contrário fortaleceu, mediante o contato com Marx, a possibilidade de escolha pelo "olhar amoroso," ou seja, a intensificação da própria fé. Como uma espécie de "incerteza objetiva" a fé emerge como "fundamento objetivo" para a práxis. Quando profere que Cristo esteve ao seu lado como um "camarada" é porque viu na figura do Cristo um modelo a ser imitado. Eis aí uma possibilidade ética de realizar, para além do discurso "politicamente correto", uma vida que se constroi com o outro e para o outro. Talvez, seja este o sentido do tornar-se um si-mesmo.

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