sábado, 26 de março de 2011

Projeção é amor de si


Toda paixão é ainda o amor de si.

Justificativa talvez, para a afirmação: “amo a mim mesma e é recíproco”; vejam! não há nessa afirmação qualquer sentido pejorativo.

Ora, sabemos que o pressuposto do amor ao outro se fundamenta na suposição de que "ao menos" amamos a nós mesmos. No entanto, me parece que há aí um rasgo sobre o fundamento do amor que vem sendo confundido. O que ocorre, suponho, é que nos equivocamos quanto a alguns significantes.

Na paixão a projeção ocorre porque idealizo o outro como uma espécie de espelhamento, ou seja, projeto no outro não apenas aquilo que sou, pois há ainda o que em mim desconheço; aquilo que gostaria de ser enquanto ideal de perfeição e desejo de plenitude. Somente quando, com o tempo, essa “ideia” desvanece, nos vemos diante daquele que é e sempre será singular. Vemos, então, pela primeira vez o outro de fato. Aqui a alteridade provoca, muitas vezes, aquela ambigüidade que equivocadamente supõe sinônimas as significações entre amor e paixão. Daí a certeza, no mínimo contraditória, na voz dos poetas...

A música, nesse sentido, enquanto expressão poética parece sempre dizer algo. Isso me faz lembrar o quanto aprecio escutar Carla Bruni e seu canto "apaixonado". Bruni tem uma canção, cujo título parece apontar para esta contradição, que diz: "Notre grand amour es mort".

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