sexta-feira, 3 de junho de 2011

Croire en Dieu après Auschwitz ?

Acreditar em Deus depois de Auschwitz?




“O perdão não é aplicável aos que se rebolam no contentamento da sua boa consciência, ou para os agressores que não estão arrependidos.” (Vladimir Jankélévith)

Assim como não é possível provar racionalmente a existência de Deus e do sobrenatural, é igualmente impossível provar a sua inexistência. Um agnóstico, nesse sentido, pode ser tanto teísta quanto ateísta, ou seja, crer por “fé” em um Deus ou, contrariamente,assumir não ter “conhecimento” da existência de Deus. A crença, enquanto fé, para o entendimento humano é algo que inicialmente pode se mostrar como um escândalo precisamente por que é paradoxal.
Isso não é necessariamente um problema quando a ironia se torna uma boa consciência que pode se dinstinguir da hipocrisia. Aqui, talvez, a ironia de que nos fala Jankélevith:

“Pour comprendre la fonction de l’ironie, il nous faut comprendre la duplicité de la conscience, en d’autres termes la disjonction qui ne cesse de s’agraver entre l’esprit et les signes de l’esptrit.” (...) “L’ambiguïté de l’Apparence, toujours moyenne entre l’Être et le Non-Être, nous inspire une salutaire méfiance qui est, on le verra, l’ABC de l’ironie.”(p.52s) (Para compreender a função da ironia, temos de compreender a duplicidade da consciência, em outras palavras, a disjunção que não cessa de se inscrever entre o espírito e os sinais do esptrito.” (...) "A ambigüidade da aparência, sempre mais ou menos entre ser e não-ser, inspira uma desconfiança saudável é, discutido, o ABC de ironia."

Referência:
JANKÉLÉVITCH, Vladimir, L’Ironie, Flamarion 1964.