terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Poema de Natal

Não deveria ser propriamente assim, mas de um modo geral é nesse período do ano que ficamos mais sensíveis, mais vulneráveis e até melancólicos. Perído em que fazemos reflexões sobre nós mesmos, nossos familiares, amigos, amores...
É o momento em que nos permitimos alguns instantes de retrospecção e prospecção.
Bom seria se todos lembrassem com maior frequência sobre estas questões e não as deixassem apenas para o final do ano. Se assim o fizéssemos o mundo seria um pouco mais "humano" ...
e nós, talvez, menos culpados e um tanto mais conscientes...
Inicialmente, pode parecer um pouco contraditório falar da morte nos dias em que comemoramos o nascimento...
Contudo, quero dizer o nascimento pensado enquanto possibilidade de "re-nascimento"... aqui, agora, ainda no tempo...
Nesse sentido Kierkegaard diria: o instante do encontro com o Eterno no tempo...
O encontro com a verdade que é amor e o amor é precisamente essa fragilidade que todo o ano nos remete aquela manjedoura...
No entanto, talvez seja mesmo isto o que o poeta queira nos dizer:
por vezes, somente a certeza da morte é capaz de fazer emergir um sentido para estarmos mais conscientes no mundo...
Na voz do poeta, um pouco sobre essa "sensibilidade" que pode também vir a ser nossa... Deixemos agora que ele cante a fragilidade:
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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Edgar Morin. Un Pensador Planetario 3/6

Nos vídeos de Edgar Morin, alguns fragmentos importantes sobre a trajetória desse intelectual singular. Penso que essa inquietude para as questões do mundo estão intimamente ligadas ao retorno curioso sobre si mesmo. Na sequência aos anteriores, me parece que este vídeo torna bastante evidente esta questão. Estou convencida de que é precisamente isso que faz dele alguém alegre, mais ainda, o faz "inquietantemente entusiasmado" ...

Esse modo de olhar para as coisas do mundo nada mais é do que o reflexo de algúem apaixonado pela existência.


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Edgar Morin. Un Pensador Planetario 2/6

Edgar Morin. Un Pensador Planetario 1/6

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Ironia também fala de coisas sérias




Ironizar é isso: quando podemos rir de coisas que também são sérias.

Sabedoria, talvez, seja mesmo isto: Acaso pode haver algo mais sério do que a existência e suas contradições?

Mas vejam! Nada pode ser melhor do que um olhar com humor, inclusive quando podemos achar graça até mesmo dos próprios limites. Quando consigo rir de mim mesma, por exemplo, já não é como simplesmente poder rir do outro. Diferente da piada ou o deboche, a ironia se desenvolve com o olhar crítico, questionador, sobretudo: auto-reflexivo.
Nesse sentido, quando re-significada a ironia é sempre um remédio, pois quando rimos, eis a grande ironia: abrimos a possibilidade de um novo olhar para as coisas, as pessoas e o mundo.







O mais pesado dos pesos


Nietzsche afirmava que quando olhamos para o “abismo”, ele também nos olha.

E o que é esse abismo senão a representação metafórica do futuro?
O futuro enquanto "possibilidade" é esse desconhecido sempre contingente. Não sabemos o que nos espera. O "grande peso dos pesos", pois se por um lado nos obriga às próprias escolhas, por outro, é precisamente isso que nos responsabiliza. A angústia, nesse sentido, é mesmo uma "antipatia simpática", como afirmava Kierkegaard, pois é diante do desconhecido, o futuro, que invitavelmente escolhemos. Eis o "instante" do salto e esse calafrio que sinto nada mais é do que a angústia da possibilidade.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Derrida: on Love (2002)



Derrida, leitor de Kierkegaard...
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Na fala de Derrida algo se aproxima das significações sobre o amor, já elaboradas por Kierkegaard no século XIX. Para Derrida, a questão é que somos capazes de produzir apenas generalidades sobre o amor e, portanto, ele próprio se julga incapaz de elaborar tal definição.
O que se passa é dar conta na distinção entre o que seja ainda o amor de si e o amor ao primeiro tu, como diria Kierkegaard.
A aproximação ocorre, me parece, quando Derrida é questionado sobre o interesse de Platão sobre o que seja o amor. Apesar de afirmar que aqui estamos falando do amor no geral, para ele a questão está justamente na diferença entre: a quem e o quê.
Nesse sentido, a questão fundamental que ele coloca é a seguinte: o amor é amor por alguém, ou é amor por alguma coisa? Amo alguém na sua singularidade absoluta, ou seja, o que ele é, o tu? Ou amo isso que o outro faz, sua qualidade, sua inteligância? Amo alguém, ou alguma coisa em alguém?
Portanto, para Derrida a história do amor se divide entre, a quem e o quê.
A diferença entre um e outro é precisamente essa: amar o outro em sua singularidade absoluta, ou seja, o olho que vê é amoroso e é por isso que ele ama, ou amar isso que o outro faz (o que não significa dizer que nisso consiste "compreender" o que ele seja) e que, portanto, ainda é uma espécie de espelhamento (amor de si).?.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

D'ailleurs Derrida

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Derrida, leitor de Freud e Lacan...
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As significações estão em outro lugar.
Se consegui dar conta interpretativa na fala de Derrida, então ele está inferindo que as nossas significações estão intimamente ligadas às lembranças que de alguma forma são sublimadas. Neste ponto ele explica que a sublimação ocorre quando a lembrança de um sofrimento se transforma em boa recordação. Há algo no passado que ainda hoje continua e continuará, de alguma maneira, trazendo resultados negativos e que proliferam rumo ao futuro.
O aspecto trágico da existência é que a significação disso que vivenciamos é determinada pelo último momento, ou seja, a morte.
Sendo assim, é possível viver percebendo as coisas de modo que pareçam boas, belas, nobres. É sempre uma espécie de sopro isso o que me move. Por sua vez, em determinado instante é possível experenciar imagens catastróficas, o medo, a insegurança. Há sempre algo que perverte ou corrompe isso que eu vejo.
[...] Somos isto e nos tornamos isto: todos eufóricos em busca do prazer pleno (plenitude perdida) e sem interrupções, mas que também, a exemplo do eu mesmo,(diz Derrida) constantemente privado, triste, destituído, impaciente, impotente, desesperado...
Escapar a esse rasgo...
O sentido é sempre buscado em alguma coisa que nos apaixone. A paixão pode ser buscada na língua, na literatura, na filosofia e, aqui permito-me inferir, na a arte em todas as suas formas de expressão. É sempre outra coisa, outro lugar que marca a impossibilidade de dizer e que, portanto, por outro caminho dizemos algo sobre isso que não damos conta.
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Obs.: Esta foi a primeira tentativa de registrar minhas interpretações no idioma (em sua pronúncia, oralidade). De modo geral, nesse idioma limito-me apenas as leituras textuais; nesse sentido, estou ciente de que existe a possibilidade de equívocos. A expectativa foi aqui, tanto mais, interpretar, razão pela qual o texto não tem a pretensão de tradução em sua íntegra. No entanto, fica a expectativa de contra-pontos...

domingo, 12 de dezembro de 2010

Jose Saramago - Janela da alma



Liberdade, o que é?
Autonomia, o que é?
Parece que nunca vivemos tanto o "geral" como em nossos dias. Viver o geral é precisamente isso, quero dizer, esse movimento "sem questionamentos" cuja idéia de consenso empurra o "rebanho" numa única direção.
"Se podes olhar, vê. Se poder ver, repara." (SARAMAGO, Epígrafe do livro Ensaios sobre a cegueira)
"Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos."

"Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne, e ele sangra todo dia." (Saramago)

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

L'homme Juste


[...] ainsi, l'homme juste: il est ce qu'il est. Il se done tel qu'il est.
Chacun de le prendre, de le recevoir selon sa capacité...

Il dit ce qu'il est, ce que le soufle lui inpire, sachant que ses paroles pourront être plus ou moins bien interpretées selon l'oreille de celui qui écoute...

Avec les mêmes fleurs, les abeilles font leur miel e les frelons leur venin.
Si une parole nous "pique", ne pas accuser les arbres, ne pas accuser le printemps. Chercher plutôt le frelon de notre âme. (Jean-Yves - A sabedoria do salgueiro)
Com essas palavras Yves reflete sobre o que seja o homem justo:
[...] assim, o homem justo: ele é o que é. Ele se dá como ele é. Cada um o recebe de acordo com sua capacidade...
Ele diz o que é, isso que o sopro lhe inspira, sabendo que suas palavras poderão ser bem ou mal interpretadas segundo o ouvido de quem escuta...
Com as mesmas flores, as abelhas fazem o mel e as vespas o veneno. Se uma palavra nos fere, não acusar as arvores, nem a primavera. Procurar, antes, o ferrão em nossa alma...

J. Derrida. La Posibilidad de la Creación



Dizer e dizer-se: uma impossibilidade?

Em um debate com Karl-Otto Apel, Derrida afirmou: A comunicação é impossível. Apel respondeu: Concordo. Derrida não deixou por menos: Então eu me expressei mal.


Neste vídeo é possível perceber a questão da unicidade, ou seja, somos seres únicos e essa existência, solitária e única, está carregada de responsabilidade. Diante do inalienável e inominável que há em cada um de nós, resta-nos a fala enquanto possibilidade de metáfora. Nosso poder criador emerge em meio a essa perversão ou corrupção, pois a fala revela em si mesma a sua própria impossibilidade. Daí a certeza, para Derrida, de que não há um fundamento que sustente o conhecimento. A convivência entre os homens é sempre ambígua, pois o diálogo é algo sempre muito frágil e a responsabilidade consiste precisamente no fato de que ainda assim precisamos dizer e dizer-nos. Será esse o desejo que nos move? como é possível pensar o outro? vivemos para aprender a viver entre a vida e a morte? Estas são apenas algumas questões que permearam o pensamento de Derrida.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O inominável desejo


Ce qui nous empêche de "nommer ce qui vient": la totalité, la plénitude...

C'est que nous ne sommes jamais complètement là. Il nous manque toujours plus ou moins un élément de nous-mêmes (la terre, ou l'Esprit).
(JEAN-YVES - A Sabedoria do Salgueiro)
Neste livro Yves questiona, entre outras coisas, precisamente isso: O que nos impede de nomear isso que chega: a totalidade, a plenitude...
Nunca estamos inteiramente no devido lugar. Nos falta sempre, algumas vezes mais, outras menos um elemento de nós mesmos... (a terra, ou o espírito).