quarta-feira, 31 de março de 2010

sexta-feira, 26 de março de 2010

FILOSOFIA E PSICOLOGIA: Michel Foucalt

Em entrevista realizada em 1965, Foucalt enfatiza algumas distinções sobre a forma cultural do pensamento ocidental. Vejamos, segundo a ótica de Foucalt, as possíveis relações entre filosofia e psicologia:

segunda-feira, 22 de março de 2010

Ludwig van Beethoven - The great opera

A Nona sinfonia, obra de música erudita do período romântico, foi a última dentre aquelas compostas por Ludwig van Beethoven.

Foi apresentada pela primeira vez em 7 de maio de 1824, em Viena, na Áustria. O regente foi Michael Umlauf, diretor musical do teatro, e Beethoven - dissuadido da regência pelo estado implacável de sua surdez - teve direito a um lugar especial junto ao maestro.
A Nona Sinfornia, foi a primeira na história a utilizar a voz humana, que figura no quarto movimento, com um coro e quatro solistas, sobre a poesia, modificada por Beethoven, do original de Friedrich Schiller "Ode an die Freude" (Ode à Alegria).

Importante ressaltar que a surdez pode ser compreedida como o aspecto trágico na existência de Beethoven. No entanto, a genialidade consiste precisamente pelo fato de que a surdez não o impossibilitou de se lançar para além do que ele próprio ouvia.

O vídeo a seguir, traz um fragmento do filme "O Segredo de Beethoven". Há, no filme, uma passagem em que Bethoven profere que provoca o senso estético quando: "abre a música ao feio, ao visceral... (...) Como apreciará o divino senão através de nossas entranhas... é em nossas entranhas que Deus vive e não na mente e nem na alma. Só teremos a cabeça nas núvens se antes pisarmos na lama."

Em relação à sua obra, no filme ele também afirma que: "Não é para se entender, é preciso vivenciar essas minhas obras. É uma nova linguagem que eu inventei para falar da experiência humana de deus... da minha experiência de deus."

Deixemos que a música, enquanto um dizer antes do dito, aponte para esse incomensurável que não se deixa pronunciar. A vida enquanto arte consiste na luta entre a alegria e a negação, a aspiração e o lamento, a vida e a morte.




Este desejo de completude que não cessa de se inscrever, pode ser pensado também sob a perspectiva de Nietzsche em “O Nascimento da Tragédia”.
Segundo Nietzsche, somente quando o compositor sabe exprimir na linguagem universal os elementos da própria vontade, a melodia está repleta de expressão, isto é, ela instaura algo. Nesse sentido, a arte dionisíaca, que nos fala Nietzsche, exerce alguns efeitos sobre os recursos apolíneos. Para Nietzsche, a música confere ao mito trágico a expressão do conhecimento dionisíaco, pois a música clarifica o mito. Vejamos o que ele nos diz:
(..) A música, em contrapartida, confere ao mito trágico uma significação metafísica tão penetrante e tão decisiva que, sem essa ajuda única, a palavra e a imagem teriam ficado para sempre impotentes para poder atingi-la. E é especialmente graças à música que o espectador da tragédia fica invadido por esse pressentimento de uma alegria suprema, para o qual conduz um caminho de ruína e de negação, de modo que acredita ouvir a voz mais secreta das coisas lhe falar inteligivelmente do fundo do abismo.(2006, p. 147)

Na compreensão de Nietzsche, a arte dionisíaca é captada mediante a possibilidade de significação proporcionada através da dissonância musical. Nesse sentido, a alegria primitiva presente em Dionísio é, diante da dor e do caos, a fonte geradora da música e do mito trágico. Podemos entender o modo como Nietzsche caracteriza os efeitos da dissonância na tragédia quando profere:
(...) Se entendemos finalmente, pois, o que significa, na tragédia, querer contemplar e ao mesmo tempo aspirar além dessa contemplação, esse estado necessitaríamos caracterizá-lo com relação ao emprego artístico da dissonância, a saber: Que queremos ouvir e ao mesmo tempo aspiramos para além do que ouvimos. Esta aspiração para o infinito, esse bater asas para além do desejo, no momento em que sentimos a maior alegria da clara percepção da realidade, nos relembra que nesses dois estados devemos reconhecer um fenômeno dionisíaco que, sempre e sem cessar, nos revela ao eflúvio de uma alegria primitiva no jogo de criar e de destruir o mundo individual, de maneira semelhante à Heráclito(...).” (2006, p.168)

Referências:

NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm, O Nascimento da Tragédia, Coleção Obras do Pensamento Universal, São Paulo, Editora Escala, 2006.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Diário do Sedutor - Sören Kierkegaard


Em "O Diário do Sedutor", Kierkegaard, utiliza o pseudônimo Johannes para demonstrar a figura do Esteta. (Conforme Kierkegaard, o indivíduo pode experenciar três modos distintos em sua existência: o estádio estético (Don Juan), o estádio ético (Fausto) e o religioso. Importante ressaltar que os estádios não seguem necessariamente uma ordem. O que se passa é que um indivíduo pode significar, a exemplo do pseudônimo Johannes, toda a sua existência na figura do esteta. No livro, Johannes troca correspondências com a sua "amada" Cordélia. O objetivo (exclusivamente egóico) se volta para a conquista, (objetivação do outro) cujo "instante", uma vez concretizado perde a significação e o sentido. Assim como Don Juan, ele busca apenas a sensualidade e o prazer como meta última de sua existência. Por essa razão o seu existir é apenas para o acaso. Uma vez que não há um retorno reflexivo sobre si mesmo, a possibilidade de escolher o próprio futuro torna-se inexistente e é isso que faz Johannes tornar-se indiferente ao bem e ao mal. Para ele, interessa apenas o presente e o imediato, isto é, o instante em que ele deseja para si todo o universo. Nesse sentido, é também a razão pela qual ele jamais se responsabiliza. Eis o que Kierkegaard significou como a existência estética:


quarta-feira, 17 de março de 2010

Crise da Razão Nieztsche e kierkegaard


A QUEBRA DAS CERTEZAS:
De acordo com a ordem cronológica, no século XIX os grandes precursores no sentido de demonstrar os "limites da razão" foram Sören Kierkegaard e Nietzsche. Depois deles, a quebra das certezas.

POR: Prof Rogerio Freitas

O "conceito" do amor - Sören Kierkegaard

Nas 'Obras do Amor', Kierkegaard insistentemente profere que o amor supõe uma "prática" que convoca cada indivíduo para a responsabilidade diante do outro e do mundo. Nesse sentido, o "conceito" do amor pode permanecer oculto, pois o "amor" somente pode se manifestar mediante as obras.
No dizer poético, por sua vez, encontramos sempre uma possibilidade de aproximação, ou seja, de elevação para o infinito enquanto desejo de plenitude. Numa perspectiva psicológica é precisamente o que permite a disparidade na relação entre pares, ou seja, a quebra da paridade como forma de relação dual (jogo de disputas: ou eu, ou ele).
A disparidade é possível quando no campo simbólio de nossos afetos há um referente terceiro, o Outrem, que passa a ser presentificado no outro. Aqui, o esteta, o ético e o religioso podem ser "um" no amor, pois segundo Kierkegaard, "Faz parte de uma relação de amor a triplicidade: o amante, o amado, o amor; mas o amor é Deus." (p.146)

Kierkegaard Library

sexta-feira, 12 de março de 2010

SOMOS TODOS UM



Fragmentos de Heráclito:

Recentemente recebi uma apresentação de slides (Somos todos um) que me conduziu ao pensamento de Heráclito. Nesse sentido, partilho de alguns dos seus fragmentos, uma vez que eles parecem aclarar o que está sendo dito nos slides.




Heráclito, em detalhe do afresco pintado por Rafael, A Escola de Atenas.


Fragmento 50

“Ouvindo não a mim, mas ao logos, é sábio concordar ser tudo-um”.

O logos abarca a unidade e a multiplicidade. É tanto união, quanto separação.


Fragmento 53

“De todos a guerra é pai, de todos é rei; uns indica deuses, outros homens; de uns faz escravos, de outros, livres.”

Ao observarmos a construção “ de todos a guerra é pai”, parece-nos que este “todos” se refere a todos os existentes, a multiplicidade. A guerra é a tensão que une e distingue a unidade da multiplicidade. É a comunicação que nunca se vê livre da preservação da diferença:
Ao mesmo tempo que junta, “indica”: deuses x homens, livres x escravos. o A e o B.


Fragmento 8.

“O contrário é convergente e dos divergentes, a mais bela harmonia”.

Aqui temos de volta a relação antíteses tencionadas como no “tudo-um”
do primeiro fragmento. Neste caso, porém, a “harmonia” que se refere esse fragmento não está relacionada ao logos como sinônimo. O logos mantém a unidade, a multiplicidade e a tensão entre elas, fazendo concordar o que discorda. O nosso desejo de plenitude que, sendo sempre um desejo, não cessa de se inscrever enquanto horizonte de sentido. A "harmonia", portanto, é justamente a tensão entre os pólos opostos, seria o hífen entre Tudo-um, uno-múltiplo, A-B.

Filosofando com o slide:
Assista, no link a seguir, a uma significativa apresentação: Somos todos um.


Infelizmente ainda não encontrei o modo de inserir a apresentação diretamente no blog. O link é confiável, para abrir a apresentação basta clicar em baixar e abrir como leitura. A apresentação é automática e o fundo musical é belíssimo!

Somos todos um - Mensagem em Powerpoint, Slide, PPS

quarta-feira, 10 de março de 2010

Earth Song - Canção da Terra



Partilho este vídeo como uma forma de reflexão e também uma espécie de lamento. Uma resposta de Gaia (Terra) no que diz respeito a pretensão de supremacia e apoderamento humano. Demonstra, sobretudo, a nossa pequenez e insignificância frente as forças da natureza. Este vídeo ganhou em 1996 o prêmio Le Film Fantastique de Melhor Clipe e foi indicado ao Grammy de Melhor Clipe de 1997. Earth Song, ou Canção da Terra, foi escrita e composta por Michael Jackson e lançada em seu álbum "HIStory: Past, Present and Future - Book I", de 1995. Nenhum integrante do clipe é profissional, todos são residentes de suas específicas regiões, como as tribos Masai da Tanzânia e os índios brasileiros da Amazônia. As cenas do incêndio florestal (fictício) que Michael se encontra no vídeo foram recriadas em um terreno de aproximadamente seis acres de tamanho, em Nova York


quarta-feira, 3 de março de 2010

Les Nuits blanches – Le Sous-sol


Fiódor Dostoievski é, sem dúvida, um dos grandes escritores da literatura Russa. Sua obra retrata com extrema sensibilidade os recônditos da psique humana. O bem e o mal em contrate constante entre os seus personagens.
Les Nuits blanches – Le Sous-sol, (Noites brancas - O Sub-solo) são dois excelentes contos; o segundo, escrito em primeira pessoa, provoca e instiga os seus leitores no sentido de realizarem um retorno sobre si mesmos. Le nuits blanches, por sua vez, conta a história de um homem solitário que encontra a bela Nastenka chorando em uma ponte. Ao longo das noites, Nastenka conta a ele a história de sua paixão por um homem misterioso que hospedou-se na pensão de sua avó, e de como ele a deixou, um ano atrás, prometendo voltar. Encantado com a inocência da moça o protagonista se apaixona e tenta fazer com que ela esqueça o antigo namorado.
Ao contrário de Pascal, em Dostoiévski a reflexão sobre o homem em alguns de seus personagens não fundamenta somente a grandeza do humano, mas também a miséria como uma doença pela qual o indivíduo sente em sua interioridade. A culpa dirigida ao mundo exterior o torna um ser separado, estrangeiro, cuja solidão o conduz a um exílio sem remédio. Assim, não somente o homem deseja o mal, mas ele ama o mal que se confunde com o amor de si.
Resumidamente, é possível concordar com Pierre Pascal, quando diz:

[...] "Une histoire d’amour qui finit mal (Les Nuits blanches) et, dans Le Sous-sol, un de ces superbes maniaco-dépressifs comme Dostoievski sut les inventer avant que Freud les mit à la mode." (Pierre Pascal).
No entanto, podemos analisar Les Nuits blanches sob outro aspecto. Talvez, como em Kierkegaard, contemporâneo de Dostoiévski, um pouco mais apaixonado pela vida. Sendo ssim, vejamos o modo como termina a narrativa:
[...] "Ce bref roman d’amour s’achève par ces mots : « Mon Dieu ! tout un instant de bonheur! N’est-ce pas assez pour toute une vie ? »

Por outro lado, é em Le Sous-sol que vemos retratado o mal que se confunde com o amor próprio. Com muita sensibilidade Dostoiévski traduz, nas palavras do protagonista que fala sobre si mesmo:

[...] “Je suis um homme malade... Je suis um homme méchant. Je suis um homme déplaisant. Je crois que j’ai une maladie de foie. D’ailleurs je ne comprends absolument rien à maladie et ne sais même pas au juste ou j’ai mal. [...] Je sais très bien que ce ne sont pas médecins que j’embête em refusant de me faire soigner. Je ne fais tort qu’à moi-même; je le comprends mieux que quiconque. Et pourtant, c’est bien par méchanceté que je ne me soigne pas. J’ai mal au foie! Tant mieux!!”

Referência:
Dostoiévski, Fiódor, Les Nuits blanches Le sous-sol, Tradução de Pierre Pascal et Boris de Schloezer e introdução de Robert André; Gallimard.